João
Paulo Muniz Marin[1]
PALAVRAS -CHAVE
TV; VIDEO ; MÍDIA ; CULTURA ;
GEOGRAFIA ; SOCIEDADE; ENSINO
RESUMO
INTRODUÇÃO
Trabalhar o ensino de
geografia através do recurso da TV e do vídeo pode possibilitar ao aluno uma
série de diferentes leituras daquilo que é vivido por ele fora da sala de aula,
ou seja, a relação que tem com o mundo e as pessoas a sua volta; Ao mesmo
tempo, a mídia, em geral,apresenta-se na sociedade atual como formadora de
opinião, direcionando informações de acordo com o seu interesse e de seus
patrocinadores, estimulando o consumo em massa e deixando de veicular em sua
programação informações que de fato venham a contribuir para melhorar o
conhecimento de cada indivíduo enquanto cidadão; Tratando o caso específico do
Brasil podemos observar que uma única emissora de televisão controla a maior
parte da audiência, sendo alvo preferencial de grandes empresas para divulgarem
seus produtos e serviços; por outro lado os programas desta mesma emissora que trabalham com educação são exibidos em
horários alternativos, de difícil acesso para a maioria da população, em grande
parte formada por trabalhadores.
Para GUIMARÃES(2006, p. 58):
"Vivemos em uma época marcada pela onipresença
da mídia, pela abundância de produtos audiovisuais, pela profusão do mercado
que usa todas as brechas e possibilidades para promover a publicidade e
direcionar o consumo de bens materiais e simbólicos.(...) Os meios de
comunicação possuem um papel dos mais importantes na vida cotidiana dos
cidadãos, especialmente, em relação a percepção e a construção de novos
sentidos de espaço e tempo".
Tratando do
ambiente escolar, PONTUSCHKA (2007) diz que:
"Se a leitura do mundo implica um processo permanente de decodificação
de mensagens, de articulação/contextualização das informações, cabe a escola
ensinar o aluno a lê-lo também por meio de outras linguagens e saber lidar com
os novos instrumentos para essa leitura. Assim, a escola constitui lugar de
reflexão acerca da realidade, seja ela local, regional, nacional ou mundial,
fornecendo instrumental capaz de permitir ao aluno a construção de uma visão
organizada e articulada do mundo".
As informações adquiridas fora do
ambiente escolar estão presentes nos momentos de interação, principalmente
na hora da entrada, do intervalo e saída
da escola. A moda, os valores, algo que
seja atual, moderno e diferente estão inseridos na cultura dos jovens e
adolecentes, e estes estão condicionados a tal realidade, que corresponde a
padrões de beleza e comportamentos pré-estabelecidos e que estão presentes a
todo momento na vida das pessoas.
Diferentes são os veículos de
informação, a internet, revistas, jornais, TV e mesmo um simples outdoor, todos
trazendo novas formas de consumo. Sobre a televisão, GUIMARÃES (2003) :
"A televisão exerce, atualmente, uma grande influência em nossas vidas.
Esse meio recria e difunde aquilo que certamente se constituirá nos fatos,
acontecimentos, sonhos e desejos mais importantes no âmbito social. Apresenta
um grande poder socializador, conseguindo aglutinar o debate dos temas de maior
destaque, alem se ser a principal forma de lazer e entretenimento para a maior
parcela da população. Hoje a legitimidade dos assuntos está ligada àqueles que
passam na mídia".
GEOGRAFIA
E A NOVAS FORMAS DE ENSINO:
Trabalhar o ensino de geografia
em sala de aula requer cuidados com as formas que são abordados os diversos
conceitos pertinentes a ciência geográfica, tal qual: fronteira, cartografia,
região, indústria, turismo, enfim, diversas são as possibilidades de trabalhar
com vídeos e imagens em sala de aula. Para MORAN:
"os meios de comunicação desempenham também um importante papel
educativo, transformando-se na prática, em uma segunda escola, paralela à
convencional. Os meios são processos eficientes de educação informal, porque
ensinam de forma atraente e voluntária – ninguém é obrigado, ao contrário da
escola, a observar, julgar e agir tanto individual tanto coletivamente"
Os filmes também exercem grande
influência no cotidiano dos alunos, sobre o assunto, BARBOSA (1999, p. 111) diz
que:
"Tratando-se especificamente da imagem cinematográfica nas atividades de
ensino, é importante afirmar que sua relevância didática não é maior nem menor
em relação a outros recursos visuais – mapas, cartas topográficas, fotografias,
pinturas etc. A vantagem (sempre relativa) dos filmes/documentários e/ou de
ficção está na ludicidade que empresta ao nosso trabalho".
Ainda sobre o cinema e trabalhando
tecnologia, informação e conhecimento PONTUSCHKA (2007, p. 261) comenta que:
"Diante do avanço tecnológico e da enorme gama de informações
disponibilizadas pela mídia e pelas redes de computadores, é fundamental saber
processar e analisar esses dados. A escola, nesse contexto, cumpre papel
importante ao apropriar-se das várias modalidades de linguagens como
instrumento de comunicação, promovendo um processo de decodificação, análise e
interpretação das informações e desenvolvendo a capacidade do aluno de
assimilar as mudanças tecnológicas que, entre outros aspectos, implicam também
novas formas de aprender.(...) a escola e responsável pelo acesso à informação
e ao conhecimento, além de promover o reconhecimento da importância e do uso
das novas tecnologias. Ademais, é fundamental preparar o aluno para desenvolver
o senso crítico necessário para que possa selecionar e utilizar as informações
e não perder-se no “dilúvio informacional” das redes de comunicação".
O
PROFESSOR E O VÍDEO EM
SALA DE AULA : OLHARES E REFLEXÕES:
Cada professor em sala de aula tem
seus métodos ou não para trabalhar as imagens contidas em um vídeo, cada aluno,
ao final de um apresentação, certamente terá um entendimento diferenciado dos
demais em relação ao conteúdo e por sua vez o próprio vídeo, de
responsabilidade da escola/professor , que precisa atender aquilo que realmente
os alunos necessitem para fazer relações com sua vida fora do ambiente escolar.
PONTUSCHKA argumenta que:
"A imagem, no ensino de geografia, geralmente é empregada como mera
ilustração. Mesmo que os autores de um texto tenham integrado as figuras ao
conteúdo, o que nem sempre ocorre, elas não são utilizadas no espaço escolar
como complementação do texto ou recurso de onde é possível extrair informações
e promover a articulação co o conteúdo da escrita. (2007,p.278), e continua: A
linguagem do cinema é uma produção cultural que pode ser utilizada em sala de
aula afim de abrir cad vez mais horizontes intelectuais para a análise do
mundo, necessária a formação da criança e do jovem .Para tanto, os professores
precisam conhecer minimamente essa linguagem, que é muito rica porque integra
imagens em movimento: a expressão oral e corporal, a cor, e tudo temperado
pelas trilhas musicais. A linguagem cinematográfica é, com efeito, a integração
de múltipla linguagens".
Com base na bibliografia
consultada podemos identificar diversas situações envolvendo o uso do vídeo/TV
em sala de aula, dificuldades como a do acesso a sala de vídeo, os equipamentos
precários que não oferecem conforto aos alunos, problemas financeiros
envolvendo a escola, entre outros: mas também possibilidades de conseguir
resultados positivos usando o recurso das imagens. Para PONTUSCHKA (2007, p.280
e 281):
Para nós, geógrafos e professores de geografia, o filme tem importância
porque pode servir de mediação para o desenvolvimento das noções de tempo e de
espaço na abordagem dos problemas sociais, econômico e políticos.
ALMEIDA(1994) contribui para o
assunto dizendo que:
Os movimentos sonorizados do cinema apresentam forte grau de
“realidade”. O que se vê no cinema tem uma semelhança com o real, e às vezes,
para a população vinculada principalmente à cultura oral, as imagens passam
mensagens com uma configuração próxima da oralidade, o que explica em parte
porque os conteúdos das imagens são mais fortes para as pessoas do que o
conteúdo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O professor de geografia certamente é o principal responsável
pela exibição de um filme/documentário em sala de aula; é ele quem tem o papel de fazer uma ligação
entre vídeo, o texto e o cotidiano dos alunos, contudo existem obstáculos
colocados ao ensino da geografia no Brasil, uma questão estrutural, faltam
recursos para aula de campo, visitas a cinemas, museus, enfim, cabe ao
professor de geografia entender a linguagem do cinema, da música e artes em
geral, afim de estabelecer um melhor diálogo com os alunos que em geral mostram
grande interesse quando o assunto são filmes, jogos e música.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Milton José. Imagens
e sons: a nova cultura oral. São Paulo: Cortez, 1994.
BARBOSA, Jorge L. Geografia
e cinema: em busca de aproximação e do inesperado. IN: CARLOS, Ana F. A. (Org.) A
Geografia na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1999.
GUIMARÃES, Iara V. Ensino
de Geografia, professores e a relação escola/TV. Boletim Paulista de Geografia,
n. 79. São Paulo: AGB, 2003.
GUIMARÃES, Iara V. Ensino
de geografia, mídia e produção de sentidos. Terra Livre, n.28 Pres.
Prudente: AGB, 2007.
MORAN, Manoel José. Os meios de
comunicação na escola. In TRUFFI, Y. H. E FRANCO, L. A. C. Multimeios
aplicados à educação: uma leitura crítica. São Paulo: FTD, 1990.
PONTUSCHKA, Nídia N. et al.
Para ensinar e aprender Geografia. São Paulo: Cortez, 2007.
MOÇO, Andeson. O mundo
dentro e fora da escola. Nova Escola,
São Paulo: vol. 217, pág 70 –75, nov. 2008
Nenhum comentário:
Postar um comentário