Moradia na cidade de Dourados-MS

 * João Paulo Muniz Marin
       

        A partir da década de 70 a cidade de Dourados passa a receber um contingente de famílias a procura de moradia provindas do meio rural e também de outros municípios do então Estado do Mato Grosso, bem como de outras cidades do país; nesse momento Dourados não possuía estrutura urbana capaz de receber essas pessoas, principalmente aquelas que não podiam pagar ou  pouco tinham para adquirir um terreno. Foi então nesse contexto que surgiram aquilo que podemos chamar de favelas no município de Dourados, áreas localizadas em fundos de vale, sobre nascentes de córregos que cortam a cidade ou mesmo em locais afastados do centro.
        A problemática das favelas ou de ocupações irregulares vai alem do simples aspecto degradado do lugar, remete a questão da propriedade privada da terra que impõe limites de uso a quem não pode pagar e ganha legalidade do ponto de vista jurídico, excluindo parcela significante da população que por uma questão de sobrevivência ocupam um pedaço de terra urbana para morar, ora, morar e necessário, sendo assim percebemos que a terra como mercadoria está acima de qualquer necessidade básica do ser humano, revelando situações de individualidade e descaso tanto do poder público como da grande maioria da sociedade.
         Os moradores da cidade parecem não querer entender minimamente a problemática das ocupações irregulares e bairros menos favorecidos de infra-estrutura e serviços oferecidos pela cidade e a omissão do poder público intensifica um processo de banalização das lutas e reivindicações por moradia digna.
          Voltando no tempo falaremos de uma favela que existiu em Dourados ao lado do Jd. Maracanã chamada pela prefeitura municipal de invasão chácara 134, escrevendo esse artigo comentei com a amiga Juliana, lembrei-me de quando morava ao lado dessa mesma favela e de como eram chamadas as pessoas que ali moravam pelos moradores dos bairros próximos: “aqueles favelados”, “pessoas sujas”, “ aquele ali mora na favela! “, “ cuidado! Ele pode te roubar, mora na favela! “, “ não chega perto que ele tem piolho, é da favela!”.
           Percebemos como as condições de moradia influenciam na visão que cada um tem sobre cidade, as relações de vizinhança, o acesso a serviços disponíveis na cidade como lazer, trabalho, escola, tudo isso colocado para as diferentes classes sociais condicionadas por um determinado poder aquisitivo. Essa lógica de exclusão está inserida de forma tão violenta na sociedade atual que fica uma pergunta: será que é possível mudar essa situação?

* Graduando do 3° ano do curso de Geografia da UFGD. Bolsista de iniciação científica CNPq/PIBIC 2007/2008. Membro do grupo de pesquisa Terrha
e-mail – paulomarin22@hotmail.com


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